domingo, 17 de junho de 2012

Eleições 2012: "Pré-convenções" e o futuro dos partidos

Disputa pelo Executivo cria indefinições para partidos de oposição
O Partido dos Trabalhadores segue em Cruz Alta como única pré-candidatura definida e também com uma aliança formada envolvendo Partidos com grande expressão no cenário político municipal. Com a entrada do Partido Democrático Trabalhista, Guareschi garante ampla vantagem na "pré-largada" eleitoral. A construção da aproximação do PDT ao PT e aliados, é fruto em grande parte, da eleição do Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, onde o PT chegou à Presidência pela primeira vez com o apoio do PDT. Base do Governo Tarso, o PDT se soma ao projeto eleito e reeleito liderado por Vilson Roberto e agora defendido por Guareschi.
Bebeta como pré-candidata à vice, resume o momento de crescimento do PC do B em Cruz Alta, respaldado por uma campanha positiva dos comunistas em 2010 onde Bebeta fez 4944 votos, 4546 somente em Cruz Alta, ficando em segundo lugar entre os Deputados Estaduais mais votados em Cruz Alta.
Teremos de aguardar as Convenções dos demais partidos para termos um cenário definitivo, resta saber quem terá a dfícil tarefa de se opôr ao Projeto Petista que governa Cruz Alta desde 2005, reeleito em 2008 com grande percentual, 68%.
Resta saber se a oposição, se manterá unida, defendendo a estratégia derrotada em 2008, ou irá dividir-se, tendo como fiel da balança o PSB que atualmente se encontra isolado, fruto de uma estratégia equivocada e "kamikaze" não respaldada pelo Deputado Federal Luiz Noé.

sábado, 16 de junho de 2012

“Parte da grande imprensa defende o atual modelo", diz Tarso sobre pedágios

Governador comentou criação da estatal e dará coletiva às 16h30 desta quarta-feira | Foto: Ramiro Furquim/Sul21



Samir Oliveira

O governador Tarso Genro (PT) se manifestou na manhã desta quarta-feira (13) sobre a aprovação da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). O petista escreveu um longo comentário na reportagem do Sul21 que relata o embate político travado na Assembleia Legislativa no dia anterior em torno da proposta.

No comentário, Tarso disse que “as manifestações que transitam numa parte bem identificável da grande imprensa defendem o modelo atual de pedagiamento, sem dizê-lo de forma expressa”. O governador observou que “essa mesma ideologia (…) drenou milhões e milhões de reais para bolsos privados” e, ainda em referência a setores da imprensa gaúcha, apontou que o atual modelo foi “harmonicamente implantado com eles durante o governo Britto”.

Tarso comentou que não há pressa do governo em elaborar um novo modelo de pedágios e deixou claro que a criação de uma estatal para gerir os pedágios não elimina a possibilidade de o governo vir a fazer novas concessões à iniciativa privada no futuro. “Negociaremos com os usuários e com as empresas cada passo que dermos, sem nos deixar levar pela síndrome da pressa, que o neoliberalismo sempre instala, para reduzir as funções públicas do estado e beneficiar rapidamente interessados apenas no seus gordos negócios, mamados, estes sim, nas tetas do estado privatizado”, disse em seu comentário.

A Empresa Gaúcha de Rodovias irá administrar os três pedágios comunitários do Rio Grande do Sul e assumirá também os cinco polos que foram entregues à iniciativa privada em 1997 – cujos contratos vencem no ano que vem. O governador assegura que, se forem feitas novas concessões, a estatal que cuidará do processo. “Poderemos, sim, fazer concessões, que serão submetidas à Assembléia, nas estradas em que isso for melhor para o usuário (mais eficiência, menor custo e mais investimentos), com a EGR coordenando os pedágios comunitários, que serão preferenciais”, manifestou Tarso.

O petista deu, ainda, uma breve declaração à imprensa sobre o tema, ao ser questionado após uma reunião com executivos da Marcopolo. Ele reiterou que o novo modelo não será elaborado de forma açodada. “Não temos nenhuma pressa em dar satisfação às empresas privadas sobre qual será o sistema. Aprovamos um instrumento para começar um processo de reorganização dos pedágios e cumprir o que prometemos na campanha”, disse. Às 16h30 desta quarta, o governador dará uma coletiva à imprensa no Palácio Piratini onde detalhará o funcionamento da nova estatal.

Publicado originalmente em: http://sul21.com.br/jornal/2012/06/parte-da-grande-imprensa-defende-o-atual-modelo-diz-tarso-sobre-pedagios/

PDT se integra à aliança da pré-candidatura de Ademar Guareschi e Bebeta

Chegada do PDT é comemorada com alegria
A menos de 15 dias da definição das candidaturas ao pleito de 2012, o vereador Ademar Guareschi, pré-candidato a prefeito do Partido dos Trabalhadores ganha mais um grande apoio para sua aliança. Uma reunião realizada na noite de sexta-feira, 14, na sede do Partido dos Trabalhadores, selou a entrada oficial do Partido Democrático Trabalhista (PDT) na aliança. Com a decisão do PDT, a aliança em torno de Guareschi e Bebeta se amplia e já conta com quatro partidos. 


Estiveram na reunião os Presidentes do PDT, vereador Marino Marangon, do PTB, Pedro Luiz Haag dos Santos, do PT vereador Zé Roberto Pieniz, do PCdoB, Fernando Cossetin além dos pré-candidatos a prefeito Ademar Guareschi e vice, Elisabeth Carvalho Zavaglia Silva, a Bebeta. Além do Prefeito Vilson Roberto o líder da bancada do PDT, vereador José Reis e dirigentes do PT, PDT, PTB e PCdoB. 

Segundo Marangon, a decisão do PDT é resultado de um entendimento ideológico do partido. Ele destaca que o PDT participa de um bloco de centro esquerda em aliança nacional, estadual e agora se concretiza também no município. “É uma aliança natural, fruto do compromisso do PDT com o melhor para nossa Cruz Alta. A história do PDT é de compromisso com as políticas sociais e temos muito para colaborar com este projeto” finaliza. 

O prefeito Vilson Roberto destacou que a aliança com o PDT é fruto do amadurecimento de ambos os partidos e a relação de respeito e diálogo que sempre prevaleceu entre as siglas. 

Os presidentes dos outros partidos da aliança também comemoraram o entendimento com o PDT. Pedro Luiz Haag dos Santos, o Pedrão, presidente do PTB, afirmou que a sincronia dos partidos e a relação que todos possuem no Governo Federal e Estadual. Segundo ele serão todos os partidos trabalhando pelo desenvolvimento de Cruz Alta. 

Fernando Cossetin, presidente do PCdoB avaliou que a aliança com o PDT tem mais ações que aglutinam do que distanciam. “Conseguimos aproximar e concretizar essa aliança, que marca uma nova etapa na concretização de nosso projeto no município em harmonia com o governo do Estado e Federal”, finaliza. 


Para o vereador Zé Roberto, presidente do PT a chegada do PDT na aliança é a consolidação local de uma realidade nacional e estadual. “O PDT é protagonista de uma aliança de projeto tanto a nível nacional quanto estadual, e essa aproximação em nosso município foi intensificada com a composição na eleição da mesa diretora da Câmara. É a convergência de um programa que continue desenvolvendo nosso município” acredita. 


O pré-candidato Ademar Guareschi afirmou que a chegada do PDT fortalece e qualifica ainda mais o projeto representado pela sua pré-candidatura. “Uma aliança no campo ideológico, programático e em sintonia com o governo federal e estadual nos orgulha muito e ao mesmo tempo nos compromete ainda mais para a defesa de nosso projeto político” comemora. 

Escolhida pelos partidos para ser a vice de Guareschi, a Vereadora Bebeta reafirmou que a chegada do PDT na aliança “ é a ampliação das ideias, dos quadros, da qualidade política e do compromisso com uma cidade cada vez melhor para todos” finaliza 

A aliança ainda está em tratativas com o PRB que deve anunciar sua posição durante a semana.

Rio Grande do Sul obtém mais R$ 470 milhões para investimentos

Governador Tarso Genro participou de reunião em Brasília
O Rio Grande do Sul receberá, até o final do ano, mais de R$ 470 milhões para investimentos. O valor integra uma ação do Governo Federal que disponibiliza R$ 20 bilhões aos Estados, para que sejam divididos de acordo com a necessidade de investimentos de cada unidade federativa. Com isso, a meta da atual gestão de investir R$ 12 bilhões até 2014, deve ser atingida.

O chefe do Executivo Tarso Genro recebeu a confirmação do repasse da presidente Dilma Rousseff, na manhã desta quinta-feira (16), durante reunião com os governadores, em Brasília. Os recursos estarão disponíveis até o fim do ano. Neste período, o governador irá coordenar uma série de encontros para definir quais obras e projetos serão contemplados.

Segundo o governador do RS, este empréstimo será concedido de maneira expressa, sem qualquer burocracia. "A avaliação que eu e o secretário Odir (Fazenda) fizemos é de que temos condições de colocarmos no caixa do Estado estes recursos imediatamente, o que, no nosso caso, serão R$ 475 milhões este ano. Isto reforça nosso padrão de investimento e acelera o crescimento econômico", avaliou Tarso.

Meta até 2014

Com o aumento da arrecadação em função da reestruturação e modernização da gestão, ampliando a capacidade de investimentos com recursos próprios, com os financiamentos junto ao Banco Mundial, BNDES e BID e com a nova relação com o Governo Federal, existe a possibilidade da meta ser superada, ao final dos quatro anos da atual gestão, e atingir R$ 12 bilhões em investimentos. O Secretário do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João Motta, acompanhou o governador nas agendas em Brasília.
 
Texto: Guilherme Gomes
Foto: Caco Argemi

domingo, 10 de junho de 2012

Democracia e falência da moralidade da direita

Por Tarso Genro (*)

O episódio envolvendo a conversa do Presidente Lula com o Ministro Gilmar Mendes só adquiriu notoriedade e importância, em função do debate político que atravessa marginalmente a sociedade brasileira. Um debate que se faz através de códigos, de discursos não explícitos, de alusões ligeiras a temas relevantes, que refletem visões sobre o estado e o modelo de desenvolvimento em curso e também sobre os efeitos da crise mundial sobre este modelo. O encontro, na verdade, serviu para rememorar posicionamentos anteriores sobre estes dois temas – Estado e modelo de desenvolvimento – que vem marcando a última década. O resto é manipulação política para, mais uma vez, a grande mídia tentar desgastar Lula, o Presidente que iniciou uma grande virada democrática e social no Brasil, contra as idéias da direita conservadora e do neoliberalismo, hegemônicos no período anterior.

A grande mídia tem composto a agenda política do país em torno da questão da corrupção, como nunca ocorrera. É uma agenda importante e permanente do país e muito se avançou, até agora, com as ações do governo federal na Controladoria Geral da União, com a reorganização e a autonomia investigativa da Polícia Federal e, até mesmo, com algumas denúncias fundadas que saíram na grande imprensa, que ajudaram o Ministério Público nas suas tarefas de fiscalização da legalidade. Mas a transformação da corrupção no assunto político principal da República obedece a outros objetivos: transferir à esquerda que governa todas as mazelas do país, para esconder o fracasso político dos governos anteriores, que não só foram ineptos para governar, mas também incompetentes para atacar a corrupção enraizada no Estado, promovida diretamente por setores da iniciativa privada mancomunados com agentes públicos.

A oposição conservadora de matiz neoliberal, que promoveu as privatizações selvagens, que pretendia privatizar a Petrobras, vender ativos públicos que hoje se configuram como “chaves” para enfrentar a crise – como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil – a mesma oposição que defendia e defende uma política externa de subserviência aos EUA (e não relações de cooperação interdependente com soberania) -esta oposição – tinha adquirido através da campanha midiática, formalmente contra a corrupção, a condição de paradigma da moralidade.

O processo teve realmente efeito em vastos setores das classes médias, mas o povo de baixa renda, que ganhou com o emprego, com a renda, com o Pronaf, com o Prouni, com os aumentos reais do salário mínimo, com as centenas de obras públicas, com o bolsa-família, não se enganou. O moralismo udenista voltou-se contra a própria direita e a sua saída agora é recuperar o mensalão.

Esta falência “múltipla dos órgãos” oposicionista tem conseqüências negativas e positivas para a democracia. Negativas, porque ajuda a campanha contra os partidos e a esfera da política, contra os políticos em geral que, “na sua maioria, estão aí para roubar”, como disse recentemente um conhecido jornalista. A afirmativa permitiria qualquer um dizer que “todos os jornalistas estão aí para mentir e manipular informações”, o que em ambos os casos não é verdade.

A falência oposicionista, neste momento, também tem conseqüências positivas, pois o debate sobre ética pública, que está em curso, pode abrir espaços para uma discussão de fundo sobre a questão democrática: debate que também pode incidir sobre a recuperação das funções públicas do Estado e sobre o sistema político vigente. Se esquerda que apóia Lula e Dilma acordarem uma agenda mínima, unitária, sobre a reforma política e, ao mesmo tempo, utilizarem a CPI para fazerem um trabalho sério e profundo, este episódio da CPI pode se tornar um grande evento republicano.

Um trabalho republicano exige que as investigações e os debates na CPI não sejam pautados pela mídia, que eles tenham foco, que não se preocupem com as colorações partidárias dos envolvidos, porque o esquema Cachoeira não é um simples evento de criminalização de políticos, mas é um vasto esquema de dominação de partidos pelo crime organizado. É um esquema de interferência na agenda política da nação, para falsificá-la e colocá-la a serviço da corrupção e do atraso neoliberal, inclusive usando para isso – criminosamente, portanto – a liberdade de imprensa e os órgãos de imprensa que se prestam para isso.

A melhor forma de ajudar a recuperação da oposição direitista é transformar a CPI num repto moralista, aproveitando a “onda” anti-Demóstenes (a direita quer se livrar dele), apenas invertendo a mão do que vinha acontecendo contra Lula. Com isso deixando de lado a gravidade do que ocorreu: não apenas atos isolados de corrupção, mas uma conspiração criminosa que usava a luta contra a corrupção para promover uma corrupção ainda maior, a destruição no atacado do espaço político democrático com falsificação de informações, destruição de reputações, negócios ilegais com bens públicos, articulação com o submundo do crime e aparelhamento do estado para fins ilícitos.

Entendo que a esquerda deve pensar que, em todos os partidos, há pessoas – em maior ou menor número- que gostariam de fazer o Brasil avançar na luta contra a corrupção. O udenismo reacionário é que divide o espaço político, entre a oposição “pura” e os “governos corruptos”. Não podemos estabelecer, agora, em função do caso Demóstenes, uma dialética inversa. Ou seja, os que estão no governo são “puros” e progressistas e os que estão na oposição são “falsos moralistas”.

É óbvio que o próprio olhar sobre a corrupção é derivado do lugar social e político que se olha e, segundo esse lugar, a corrupção será vista com mais, ou menos, leniência. Mas há uma questão democrática preliminar, que pode alargar a influência da esquerda e ampliar a base do governo na sociedade: a corrupção pode ajudar a destruir a democracia e também reduzir, ainda mais, as funções públicas do Estado. Esta questão democrática é que deveria ser considerada pela esquerda para dar um destino exemplar à CPI: dar uma nobre função política à CPI, não transformá-la num mero inquérito policial que, de resto, é o espaço real de construção da persecução criminal. Apurar rigorosamente todos os fatos (que servirão para o Ministério Público cumprir as suas funções) e mostrar que a malha grossa do sistema político, erguido sobre o financiamento privado das campanhas, é o grande alicerce da corrupção no Brasil.

(*) Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

Publicado originalmente na Carta Maior